O Especialista em Planejamento Educacional condena o livro didático e diz que alunos devem escolher o que querem estudar. (matéria da coluna “cidades” do jornal “A Tribuna”, por Anna Beatriz Brito)
DANILO GANDIN diz que o professor está perdendo espaço, respeito e dignidade na sala de aula. “ – Os alunos resolvem fazer o que querem porque a escola está perdida!”
As escolas não cumprem o papel de educar eu estão presas a uma grade curricular que não forma cidadãos. Esta é a avaliação do mestre em Planejamento Educacional Danio Gandin.
Para ele, a escola não oferece espaço para discussões sobre o que acontece no dia a dia de crianças e jovens.
No no dia 29 de Agosto deste ano, Gandin, que é o do Rio Grande do Sul, esteve presente em uma palestra realizada em Aracruz, o “Congresso Conhecer”.
O que se segue são trechos de sua entrevista concedida à repórter do Jornal A Tribuna:
A TRIBUNA – As escolas cumprem seu papel de educar?
DANILO GANDIN – Não. O Problema é que as escolas não educam e não formam cidadãos. Elas estão muito presas a algumas matérias e se esquecem de todo o resto. Se você perguntar de Norte a Sul do País o que deve ser passado na 5a. série na disciplina de HISTÓRIA, todo professor vai dar a mesma resposta e isso empobrece o currículo.
A escola está muito pobre, dá importância a Matemática, Português, Química, Física, mas não tem nada de economia, política e direito. Hoje um jornal é mais instrutivo do que uma escola.
A TRIBUNA – Qual o reflexo na educação dos alunos?
DANILO GANDIN – As escolas estão muito pobres e desligadas do cotidiano dos alunos. O estudante é capaz de saber como a célula se divide, mas não é capaz de pensar como cidadão, como uma pessoa culta dentro da sociedade.
A TRIBUNA – E como está a relação aluno-professor, na sua opinião?
DANILO GANDIN – Está trágica. Alunos não estão mais distinguindo seu papel com o dos professores. em muitos lugares, desrespeitam e batem nos professor, isso porque a escola está perdida e não sabe o que fazer. Dessa forma, os alunos resolvem fazer o que querem.
O Professor está perdendo seu espaço, respeito e dignidade na sala de aula.
A TRIBUNA – O senhor acredita que deveriam ser estimuladas mais aulas “práticas”?
DANILO GANDIN – Sim, o melhor é tirar ao máximo os alunos de sala de aula, para realizarem exercícios do que vão ver mais tarde, fazendo projetos e visitas às famílias.
A TRIBUNA – O senhor acredita que os livros didáticos são suficientes para a formação dos alunos?
DANILO GANDIN – Não, de modo algum. Se fosse ministro da Educação, a primeira coisa que faria seria acabar com o livro didático. A escola deveria ter acesso a jornais, revistas, filmes, rádio, televisão, internet que têm muito mais informações interessantes.
A TRIBUNA – O senhor acha que seria suficiente substituir o livro didático pelas informações da mídia?
DANILO GANDIN – Claro, o que o livro didático está informando hoje em dia? As coisas que nós, adultos, sabemos, não. São coisas especializadas, quando nós precisamos de conhecimento mais genérico sobrea realidade. Temos de discutir e aprender sobre o planeta, água, eleição, classe sociais, salário mínimo. Não quero que uma escola seja política, mas informadora e sobretudo debatedora das informações.
A TRIBUNA – Como seria a educação no ensino médio?
DANILO GANDIN – Acho que o aluno poderia estudar aquilo que lhe agradasse mais. No ensino fundamental, o aluno precisa de conhecimento mais geral. Já no ensino médio, o estudante poderia escolher cinco temas para se aprofundar. Como o conhecimento hoje em dia é muito vasto, cada um de nós aproveita aquilo que lhe diz alguma coisa. A escola deveria ser um lugar aberto, cheio de conhecimento e não um lugar para bitolar as pessoas, como acontece hoje.
A TRIBUNA – Qual o modelo que o senhor consideraria ideal para o vestibular?
DANILO GANDIN – Neste momento, o vestibular deveria ser feito por sorteio. Acredito que nao existe outro meio para salvar o ensino médio, porque o vestibular que determina como ele será. A melhor alternativa seria que as faculdades fizessem exames vocacionais para escolher os alunos com mais aptidão, mas como a sociedade não aceitaria, o melhor agora é o sorteio.
A TRIBUNA – O senhor avalia que os professores não precisariam mais ter “formação específica”?
DANILO GANDIN – Sim, não precisariam mais e nem deveriam. Nâo se deveria mais formar professor com especialização, mas que ajudasse uma turma de alunos a compreender e discutir essa sociedade. É uma volta no currículo, que se confirmou no seculo 19 mas não serve mais nos dias de hoje.